Abacaxi, o milagroso



Fico perturbado ao assistir esses “frutólogos” - principalmente os da linha científico-esotérico-macumbeiro-cristã-etc. – exultando as fabulosas propriedades terapêuticas das frutas, para vender livros milagrosos e aparelhos extratores de sucos igualmente capazes de fazer milagres.

Tenho ímpetos de correr à uma quitanda, comprar toneladas de frutas, entupir-me e viver saudável “para sempre”. Como, invariavelmente, considero a possibilidade de morrer de congestão, acabo desistindo.

Mas acredito que o abacaxi é uma fruta realmente milagrosa. Principalmente na brasa. Su-cu-len-to, saboroso, doce, cheiroso, tem o poder mágico de servir de contraponto à rotina salgada das carnes.

Pode ser assado de diversas maneiras: inteiro, no espeto, ao comprido, o que facilita o manejo; em fatias, na grelha; em pedaços compridos e/ou cubinhos espetados em palitos. A melhor forma vai depender da dinâmica e estilo do churrasco.

Por malandragem, reservo-o para o “meio” do churrasco, quando as pessoas já comeram todos os tipos de carne e recebem de bom grado o toque adocicado da fruta.

Se for destinado à sobremesa, sirvo com calda de limão – onde podem ser incluídos uns cravos, poucos, ou raspas de gengibre; com açúcar e canela e/ou sorvete.

O tempo de preparo é variável, como em todo churrasco. Mas é rápido. Quando começa a dourar, é hora de servir.

10 comentários:

Anônimo disse...

Adoro um abacaxi grelhadinho. Ele praticamente desapareceu das churrascarias-rodízio de São Paulo - óniorings, aroz careteiro, carê de cordeiro, bananamilanesa, maminhanamanteiga, óniorings, óniorings"

Uma vez tive a pachorra de perguntar o porquê e o garçon me explicou que era porque todo mundo comia só o abacaxi do tendercomabacaxi. E que o abacaxi fazia retomar o fôlego para mais rodadas de carne.
Ó, grande ceguinho no churrasco, o senhor saberia me dizer se a explicação procede?

Ricardo disse...

Creio que a segunda explicação é a mais correta. O abacaxi serve de by pass para outra "sessão" de comilança.

Fer Guimaraes Rosa disse...

Ricardo, eu amo esse abacaxi grelhado! Alias, comprei um na sexta-feira. Os daqui veem do Havai e nem sempre sao muito bons, ou eu que nao sei escolher. Vamos ver se tenho sorte com esse...

O abacaxi me faz lembrar uma historia de seculos atras, quando um hipongo entendido das nutricoes e das propriedades dos alimentos me pegou pra cristo e falou sem parar de como o abacaxi era purificador, de como a sua ingestao faxinava todo o sistema digestivo, limpava ate o esôfago, uma coisa impressionante e eu nunca me esqueci. Toda vez que como uma fatia de abacaxi penso nisso, e me sinto super limpinha por dentro! :-))

bjaoo,

Ricardo disse...

Quem não teve um "guru" na juventude?
Lembra daquela música da Joyce sobre Monsieur Binot? Já não me recordo da letra, mas da figura legal do cara.
Deve haver um fundinho de verdade nessas propriedades.

Anônimo disse...

Olha aí, Monsieur Binot, aprendi tudo que você me ensinou, respirar bem fundo e devagar, que a energia tá no ar...
Essa música é uma delícia!

Ricardo, meu amigo, estou de volta!!! Saudades de ler seus posts, seus comentários e seu jeito original de nos ensinar!

Olha, abacaxi é uma delícia, cru, em suco, grelhado, em doce, em bolo, de todos os jeitos! Mas com essa caldinha de limão eu nunca vi nem comi...você sempre inventando coisas novas e boas! Hummm!

Fer, eu sigo esta receitinha: É só tirar uma das "pétalas" do centro de sua coroa. Caso saia com facilidade, está no ponto para descascar e saboreá- lo!
(http://gazetaweb.globo.com/Canais/Culinaria/Receita.php?c=185)

Beijos e saudades!

Ricardo disse...

Téquinfim, menina!
Muito boa sua volta. A música é inesquecível e as saudades recíprocas.
A verdade: mudança com menos de 6 meses de "inferno", não é mudança. Por favor, não é "prga", é constatação.
A dica da retirada da pétala é perfeita.
Agora, além da caldinha simples de limão, cê pode aromatizar mais ainda com um fiozim de Cointreau...fica o bicho.
Braços

Elvira disse...

Eu estive uns tempos a trabalhar em Timor Leste no tempo do governo da UNTAET (ONU). Geralmente, ao Domingo, os capacetes azuis brasileiros - que estavam no mesmo quartel que os soldados portugueses - organizavam um mega-churrasco onde estavam convidados todos os lusófonos que trabalhavam para a ONU. Aquilo era o máximo! Acho que nunca comi melhor carne grelhada na minha vida. E então, o ambiante era lindo! De facto, para churrasco, não existe nenhum que se compare ao brasileiro, até do outro lado do mundo. Este seu blog é de utilidade pública. :-)

Um abraço de Portugal.

Anônimo disse...

Mais um blog para fortalecer meu vício em blogs de culinária. Assim não dá!

Ricardo disse...

Oi, Donizetti.
Brigadim pela visita. Esse pelo menos é um vício que não faz mal...ou seria uma virtude?
Tô explorando o Hedonismos.
De cara, tô gostando.Braços.
Ricardo

Ricardo disse...

Elvira,

Um abraço português é sempre gostosamente fraternal e muito bem recebido. Obrigado.
Há coincidências, no todo incríveis, que não podemos deixar passar em branco. Tenho um grande amigo, médico, que trabalhou como voluntário no Timor, à época da administração da Onu. Chama-se Jorlei. Grande Jorlei, churrasqueiro de mãos-cheias.
Ele ficou um ano em Liquiçá, com rápidas passagens em Dili e fez grandes amizades, e churrascos, justamente no grupamento do Corpo de Fuzileiros Português, do qual, ao vir embora, recebeu do comandante uma bela placa em sua homenagem.
Terá sido nesse grupamento que você comeu o churrasco “brasileiro”?
Por conta de tal integração, Jorlei esteve aí em Portugal há um ano e foi muito bem recebido pelos amigos “portugueses-timorenses”.
Não me arrisco a afirmar que o nosso churrasco seja o “melhor”. São tantos pelo mundo! Mas que é bom, é!
Torço para que você tenha conhecido esse amigo. Seria o máximo!

Um apertado abraço brasileiro.