O filé mignon e os churrasco-chatos.

“O homem que pouco aprendeu, envelhece como um boi: com muita carne e nenhum conhecimento.”

Fonte: "Máximas do Dhammapada"

Como todo ritual, o churrasco tem sua liturgia e seus cânones. Acho bacana, e necessário, que existam regras e técnicas derivadas do senso comum, da tradição, da experiência. O problema é quando a interpretação dessas regras começa a produzir dogmas, verdades absolutas... e fanáticos.

Não tenho paciência para o fanatismo dos churrasco-chatos, que confundem cultivo e estímulo às tradições culturais com patrulhamento do paladar alheio.

Esse patrulhamento é baseado na idéia do "verdadeiro churrasco", uma bobagem conceitual que não resiste a um sopro de razão e que, por força do preconceito que a alimenta, exclui o filé mignon do mundo do churrasco. Uma injustiça

Corte de carne mais conhecido e mais grelhado em todo o planeta, detalhe que os churrasco-chatos parecem ignorar, o filé mignon dá um belíssimo churrasco, sim. Além de maciez inigualável e suculência, possui sabor delicado, suave. Em suma, uma carne de excelente palatabilidade, que pode ser acentuada com o preparo em forma de churrasco.

E mais, prescinde de perfumarias como bacon, alho, etc. Pode ser preparada apenas no sal grosso, tradicionalmente, em formato de tournedos (bifes altos). E se o seu paladar sentir necessidade de uma gordurinha, não caia na tentação da manteiga ou azeite. Corte umas lasquinhas bem finas da gordura da picanha e coloque sobre o bife durante o preparo. Uma delícia.