Um “molho” com a cara de porquinhas sensuais.
Na conta do juízo, já temos que churrasco é coisa que se reduz à simplicidade da mistura entre carne de boi, sal comedido e brasas. Mas nada impede, aqui, acolá e alhures, uns arroubos temperamentais quando estamos a tratar de churrasco com outras carnes, como as suínas e de aves, essas moçoilas atrevidas, menos pudicas e, portanto, mais voluntariosas.
Como não nos comove discutir os aspectos idiossincrásicos das modalidades de cocção e seus reflexos em goelas, tripas e almas alheias, resta-nos a petulância de indicar veredas pelas quais o paladar caminhe para mais se contentar, à guisa de opção. Com tal espírito, vos digo: se no forno a coisa é uma delícia, no churrasco fica um primor.
- Suco de duas laranjas grandes - usei laranjas-pêra, mais cítricas;
- 200 ml de vinho branco;
50 ml de azeite – que seja português, ora pois;
- 1 colher de chá de páprica doce; e não se lamente se trocá-la pela picante;
- 3 dentes de alho amassados;
- 1 raminho de alecrim – e dê respeito ao diminutivo, pois cá não estamos a fabricar perfumes, mas apenas tons aromáticos;
- Sal e pimenta (do reino. Adoro, mas não ponho...);
- Um lombinho de uns dois quilos, pois sem ele, nada feito.
Cuide para que o banho seja uniforme, virando-a de vez em quando. Ao término do prazo, leve-a para assar no poleiro da churrasqueira, sem pena e sem pressa, pois cá como lá, o apressado come cru e, não raro, passa mal.
Ao blog Elvira Bistrot, nosso brigadinho.
4 comentários:
Com o vermelho da páprica doce e o amarelo do sumo das laranjas, não ficaria a porquinha uma ruiva com charmosas sardas?
Custo a imaginá-las morenas, vai ver porque eu mesma jamais atinjo essa cor, não importando o quanto Sr. Dadivoso me besunte com bronzeadores, filtros e quetais.
Dadivosa,
Eu invejo as mulheres por essa extraordinária capacidade de perceber coisas com lentes multifacetadas que nós, homens, ainda mais os "ceguinhos" como eu, jamais teremos.
Não me dei conta dessa questão 'cosmética", dos efeitos da mistura de cores, a sugerir, por conta de verossimilhanaça, muito mais uma ruiva sardenta e charmosíssima, que uma morena.
Acho que, durante o durante o cozimento ela chegou a virar essa ruiva, mas infelizmente ainda um tanto crua. Só depois de extensa e lenta exposição ao calor, quando então já era a morena, chegou no ponto.
O grande barato, e confesso que não pensei nisso e nem sei se fui feliz na comparação, é que talvez ela, a carne suína, temperada com a deliciosa marinada da Elvira, tenha de algum modo representado, sob o ponto de vista estético, as mulheres de todos os matizes.
Você é ótima!
Pois então! A loira, a morena e a ruiva, claro! Bastante perspicaz :D
Abraços...
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